• A História de todos os povos: um grande projeto de produção de desenhos animados pelos Povos Indígenas do Brasil

  • Voltar
2 de janeiro de 2023 por 

 

Autor:
Wilson Lazaretti

De 16 a 19 de dezembro de 2022, equipe do Núcleo realizou
oficina na aldeia Bacaba, hoje São José, Escola Estadual Indígena Mãtyk,  no município de Tocantinópolis-TO, com
crianças do povo apinagé.

Este projeto se realiza com a técnica de desenho animado e
outras técnicas de animação, produzidas diretamente na comunidades indígenas de
todo o Brasil. A atividade no Tocantins foi a segunda, num projeto de
continuidade que começou com uma oficina realizada em São Gabriel da
Cachoeira-AM, na Escola Irmã Ines, de 02 a 07 de setembro de 2022.

Desta vez, foram mais de 15 crianças participantes. A maioria
não falava Português; só Apinagé. Esta é uma observação importante, porque
mesmo assim a transferência da didática de animação não encontrou nenhum
problema.

Tínhamos conosco o coordenador da Escola Indígena, o
professor Cassiano, e o professor Vanderlei, que muito colaboraram para a
comunicação com o grupo.

Inicialmente as crianças se apresentavam muito tímidas e por
isso, em vez de falar, partimos para a demonstração de como animar um desenho,
com a mesa de luz
  e o aplicativo para a
captura dos desenhos.

A arte da animação é uma coisa curiosa e acontece em qualquer
cultura, pois no segundo dia de oficina as crianças perderam a timidez e
avançaram organizadamente sobre as mesas de luz. Como acontece com qualquer ser
humano, aberto o caminho para a expressão de seus sentimentos, a animação
jorrou em quantidade; pareceu que tudo veio à compreensão da técnica, e é ai que
nasce a verdadeira arte da animação.

A animação é uma técnica artística que envolve muitas
questões, dentre elas, a equipe de produção. Desta vez contamos com a
participação de Radostina Neykova (Bulgária), Fernando Galrito (Portugal),
Maurício Squarisi, Henrique Galvão e Wilson Lazaretti na monitoria para
animação. Na produção: Jhenissa Souza, Aline Campos, Janaína Rezende, Cleudimar
Alves da Silva e Diogo Barcot Tintor. E também Eliana Ribeiro e João Pedro
Felipe da Silva na pós-produção, e Anselmo Carvalho, músico trilhista para a
inserção de sons e música.





















     

A produção contou com o apoio logístico, institucional e
estimável da Universidade Federal do Norte de Tocantins e com o apoio
institucional de Universidade Estadual de Campinas. Contou também com o apoio
do Festival de Animação de Lisboa/Monstra/Portugal e do Fundo de Cultura da
Bulgária.

Este treinamento, neste momento, não visa necessariamente a
produção de curta metragem de animação, mas sim a manipulação da técnica dos
equipamentos para despertar o interesse dos participantes, sendo eles crianças,
adolescentes e adultos para a arte da animação.

A arte da animação exerce seu poderio desde os tempos
primordiais, quando ainda o homem registrava e celebrava suas conquistas no
interior das cavernas, desenhando, não apenas estaticamente, mas também
animadamente.

Este fascínio sobre a representação gráfica do movimento nos
chega até hoje, através de algumas técnicas emprestadas de outras formas de
artes, como o das artes visuais, cinema, teatro e outras completamente autóctones.
E é o exercício delas que o presente projeto coloca em prática.

Compreender de forma gradativa essas técnicas é o que vai
levar a produção de ideias mais longas, atendendo as necessidades específicas
de expressão do Povos Originários.

As ferramentas que utilizamos para aplicar este conceito são:
mesa de luz, mesa suporte de animação para filmagens e um aparelho celular com
o aplicativo gratuito STOP MOTION STUDIO.

O Núcleo de Cinema de Animação de Campinas, doou uma mesa de
luz, uma mesa suporte de câmera para cada projeto e um brinquedo óptico, o
zootroscópio, que permanecem no local de produção.

A arte da animação se manifesta através de muitas técnicas: recortes,
sombra chinesa, animação de objetos, animação com pessoas…

Nossa preferência é para o desenho animado, uma técnica com a
qual os Povos Originários mais se identificam, pois representam uma tradição
milenar, que vai desde a pintura corporal até a grafia em objetos de cerâmica,
utensílios domésticos e instrumentos de caça e pesca. Na técnica do desenho
animado os indígenas têm a oportunidade de expor a impressionante qualidade de
seu grafismo próprio, o que para nós, é a mais importante manifestação da
identidade gráfica.

Vale aqui uma menção, pois o processo se iniciou com um outra
oficina de animação, desta vez com a técnica de bordados animados, ministrada
por Radostina Neykova na Universidade Federal do Norte do Tocantins, em 16 de
dezembro de 2022:

Para o treinamento em animação, além de um grupo de crianças,
adolescentes e adultos interessados é recomendada a participação também de
professores e lideranças indígenas para que outras produções continuem após a
saída da equipe de produção do local.

 

Futuro:

Por enquanto todas as atividades são financiadas pelos
próprios participantes. Por isso, toda colaboração para fortalecer o orçamento
é bem-vinda. 

Contato: ncacampinas@terra.com.br (Wilson Lazaretti)





 
























     



Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *